A aposta se confirmou. Construtoras de porte médio tomaram o lugar costumeiramente ocupado por grandes empreiteiras em obras de construção pesada, no vácuo do envolvimento delas na Lava-Jato. O primeiro sinal dessa mudança são os aeroportos de Salvador, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre, leiloados em março. As operadoras que arremataram os terminais - todas internacionais - negociam a realização das obras com construtoras com receita líquida de até R$ 500 milhões, menos conhecidas nacionalmente.
Após um ano difícil, em que a receita da indústria de insumos para a construção civil tendia a apresentar recuo de 5% em relação a 2016, os prognósticos para 2018 são positivos, apontando para crescimento de até 2% no faturamento. O que fundamenta o otimismo é a perspectiva de uma retomada econômica marcada por preços estáveis, maior demanda de mão de obra e avanço do poder aquisitivo dos salários, prevê a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Na pior das hipóteses, diz o presidente da entidade, Walter Cover, será interrompida a queda que atingiu o segmento nos últimos três anos.
O setor imobiliário, em especial o segmento residencial, costuma ser um dos últimos a sair de uma recessão. Isso se deve em grande parte à natureza de seu produto, um investimento fixo de valor relativamente elevado, que muito depende da recuperação do emprego. Outros determinantes da restauração do ritmo de crescimento do setor são a confiança, taxa de juros mais baixas e especialmente a oferta de crédito.
A temporada de balanços referentes ao terceiro trimestre, encerrada na semana passada, mostrou que a redução da taxa básica de juros, os primeiros sinais de retomada econômica e uma gestão mais atenta a custos têm tido impacto positivo para as empresas. Os lucros das companhias de capital aberto cresceram 29% no período, enquanto suas dívidas recuaram ao mesmo valor do início de 2015, segundo a consultoria Economática. Passada a enxurrada de dados financeiros, os analistas acreditam que os setores mais sensíveis à recuperação econômica poderão continuar vendo expansão de sua lucratividade e, consequentemente, reagindo positivamente na Bolsa.