Uma leva de balanços das maiores construtoras brasileiras deve mostrar, a partir de hoje, o ritmo de recuperação de um dos setores que mais sofreram com a crise brasileira. O setor acumula queda de 60% na receita desde 2014. Divulgam seus resultados nesta quinta-feira: JHSF, Cyrela, Gafisa, Tecnisa e Eztec.
O dia também terá a conferência de resultados da MRV, especializada em baixa renda, que divulgou seus números ontem após o fechamento dos mercado.
A MRV anunciou queda de 14% no lucro trimestral, para 174 milhões de reais, pouco abaixo da estimativa de 176 milhões de analistas. O Ebtida (lucro antes de impostos e amortizações) também caiu, 13%, para 238 milhões. Rafael Menin, copresidente, atribuiu os números a ajustes contábeis, e se mostrou otimista em fechar o ano alcançando a meta de lançar 50.000 unidades. As ações da companhia estão em queda de 13% no ano.
No geral, o setor ainda luta para se recuperar da crise que fez os lançamentos secarem, boa parte dos imóveis já vendidos serem cancelados pelos compradores e levou o caixa das companhias à lona. Na Cyrela e na Eztec as ações estão empatadas no ano; na Gafisa e na Tecnisa, a queda é de 40%; Na JHSF, o recuo é de 16%. Segundo dados compilados pelo gestor Tomas Awad, especializado nesse mercado e publicados na edição de hoje de EXAME, o fundo do poço pode, finalmente, estar ficando para trás.
As receitas somadas das principais incorporadoras de capital aberto cresceram 3,5% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre. A retomada, no entanto, é pontual: frente ao mesmo período de 2017, o faturamento teve uma redução de quase 5%. Além disso, a maioria dessas empresas ainda dá prejuízo (entre as exceções, estão a Eztec e as empresas voltadas para a baixa renda MRV e Tenda).
Para 2019 as perspectivas de analistas são levemente otimistas com a melhora puxada por uma retomada econômica. Segundo relatório da XP Investimentos, o valor dos alugueis de todas as classes de imóveis deve voltar a crescer, com redução na vacância. Uma retomada mais consiste, porém, depende da queda do desemprego e da volta da confiança.
Uma boa notícia pode vir do Congresso. Uma comissão do senado aprovou ontem a urgência para votação em plenário de um projeto com mudanças relevantes no distrato, que atualmente permite aos compradores devolverem os imóveis com ônus total para as construtoras. Segundo o senador Romero Jucá (MDB-RR) a matéria vai a votação em plenário na semana que vem. Pela nova lei, as construtoras poderiam reter uma parte do valor pago pelos compradores como pena pelo cancelamento.
Qualquer mudança seria uma excelente notícia para as construtoras: apenas em 2016 os distratos somaram 7 bilhões de reais.