ce33Histórias inspiradoras e de superação diária marcaram o painel 
 
“Acessibilidade”, realizado nesta quarta-feira (22)/08 na 75ª Soea, com a participação do Ministério Público de Contas junto ao TCU, Sérgio Caribé, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Nefi Cordeiro, e o médico cardiologista Hemerson Casado. A coordenação do painel foi do eng. Osvaldo Luiz Valinote.
 
Paulo Guimarães, presidente da Mútua, foi o responsável por abrir os trabalhos da tarde, quando falou sobre os projetos da Caixa de Assistência ligados aos temas em debate. “Nessa gestão criamos o Programa de Inclusão da Mútua – PIM, que conta com alguns parceiros muito importantes, como o Instituto HandsFree. Já está em tramitação no Confea proposta de criação de benefício específico para atender aos associados que tenham alguma dificuldade e necessitem de auxílio nessa área de inclusão e acessibilidade. É a Mútua, mais do que nunca, exercendo seu papel de braço assistencial e social do Sistema”, destacou.
 
Citando algumas das decisões do STJ no tocante à acessibilidade, o ministro Nefe Cordeiro, que também é engenheiro, fez um panorama jurídico do entendimento da corte sobre o assunto. “À Engenharia cabe garantir o acesso e, ao Judiciário, obrigar que isso seja cumprido e que as exigências legais virem hábitos em toda obra”, ponderou.
 
Mais que cumprir obrigações legais, enfatizou Nefi, o que se espera é que, cada vez mais, a acessibilidade e a inclusão sejam fatores intrínsecos da sociedade em todas as suas esferas. “Estamos falando do princípio da dignidade humana ao garantir o acesso e oportunidades a todos. Para além da legalidade, estamos falando de mudança de cultura. Que no futuro não precisemos mais discutir quanto vai custar uma obra acessível, mas sim, que ela é imprescindível”, ensejou.
 
O procurador do Ministério Público de Contas junto ao TCU, Sérgio Caribé, vítima de um acidente que o deixou em uma cadeira de rodas fala de sua experiência em palestras por todo o todo o pais. No ano passado, a Mútua e o Confea foram parceiros do Tribunal em um seminário internacional que versou sobre a temática. Caribé, durante sua passagem pela Semana Oficial, em Maceió, reforçou a relevância dessa união de esforços na construção de uma sociedade mais pró-ativa e sensível às questões da inclusão e da acessibilidade, que, conforme ele sublinhou, não são exclusivas das pessoas com deficiência.
 
“Ao falar de acessibilidade também precisamos ter em mente as pessoas com mobilidade reduzida. Dificilmente um dos senhores não terá, mesmo que transitoriamente, essa condição, pois com mobilidade reduzida estou me referindo, por exemplo, a uma pessoa saindo de um supermercado com as mãos cheias de sacolas. As pessoas com deficiência não são as únicas cujas regras de acessibilidade são destinadas. Nossas cidades não estão preparadas”, explicou.
 
Um depoimento emocionante sobre superação. Assim pode ser definida a participação do médico cardiologista Hemerson Casado, portador de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), no painel de acessibilidade. Casado tem dedicado sua vida aos estudos da doença desde que foi surpreendido com o diagnóstico há quase seis anos. “Enfrento diversas dificuldades, não apenas sobreviver, mas também para me deslocar, para trabalhar e para me comunicar”, compartilhou ele com os presentes, através de um software sintetizador de voz que é acionado pelos movimentos do olho.
 
Corroborando a percepção do procurador do TCU, o médico reforçou a cobrança por estruturas adaptadas. “Vivo em uma cidade (Maceió) com calçadas horrorosas, nenhum taxi adaptado, um aeroporto que há 6 anos teve os fingers quebrados e muitas instituições públicas com estruturas nada amigáveis para as pessoas com qualquer tipo de deficiência”.
 
Para se especializar em cirurgia cardiovascular, antes do diagnóstico de ELA, Casado morou por seis anos na Europa e EUA. Ele lembrou quão distante é a comparação do entendimento desses países sobre acessibilidade com relação ao do Brasil. “Mais que leis e a Engenharia, o que mais chama a atenção é a aceitação natural e o cumprimento natural pela população, empresas públicas e privadas, mas principalmente pelos governos, sobre a compreensão do que é necessário para o bem-estar de todos”, comentou.
 

 

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