O mercado imobiliário nacional apresentou no segundo trimestre expansão de lançamentos e vendas, além de queda nos estoques, de acordo com levantamento divulgado ontem pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que abrange dados de 21 cidades e regiões metropolitanas.
Os lançamentos de imóveis no país totalizaram 25.483 unidades entre abril e junho de 2018, alta de 19,9% em relação aos mesmos meses de 2017. Por sua vez, as vendas atingiram 29.951 unidades, crescimento de 32,8% na mesma base de comparação.
A região Centro-Oeste acusou aumento de 697,7% nos lançamentos, o Sul apresentou alta de 234,1%, o Sudeste registrou aumento de 144%, o Nordeste teve queda de 4,7% (nas vendas cresceu 34,7%) e o Norte não anotou variação.
O estoque de imóveis novos disponíveis para venda chegou ao fim de junho com 124.715 unidades, queda de 14,4% em um ano. Deste montante, 19% são imóveis na planta, 49% em obras e 32% prontos. Considerando a velocidade atual de comercialização dos imóveis, o estoque atual poderia ser escoado em 12 meses. Há um ano, o estoque tinha duração de 19 meses.
“O nível de estoque está abaixo até do que na época áurea do setor. É um valor histórico muito bom, mostra uma boa velocidade de vendas”, afirmou o presidente da CBIC, José Carlos Martins, em entrevista coletiva a jornalistas. “A queda do estoque tem acontecido porque as vendas estão maiores do que os lançamentos há vários trimestres. Os lançamentos cresceram bastante, mas ainda não são suficientes para repor as vendas”, apontou.
Martins, no entanto, enfatizou que mercado imobiliário corre o risco de sofrer com o desabastecimento de imóveis residenciais novos no médio prazo, caso não sejam resolvidos os gargalos na concessão de crédito para a construção. “Os bancos ficaram mais restritivos na concessão de crédito. Estamos discutindo com o governo como melhorar a situação de crédito para as empresas. Caso contrário, teremos desabastecimento no mercado no futuro. Não tem crédito para as empresas lançarem unidades suficientes para suprir a demanda do mercado”, frisou.
Por conta disso, o presidente da CBIC defendeu a necessidade de se criar instrumentos que aumentem a segurança dos agentes financeiros para liberação de empréstimos. O principal exemplo citado foi a necessidade de se regulamentar os cancelamentos de vendas por meio da aprovação da lei do distratos, que aguarda votação no Senado.
Martins criticou ainda o redirecionamento do dinheiro do FGTS para fins distintos da sua fundação original, que são habitação e saneamento básico. “Quando alguém está com um problema de falta de recursos, vai no FGTS, que virou um Posto Ipiranga. Se falta recursos, pede no Posto Ipiranga”.