Alunas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/AL) provam que lugar de mulher é, sim, onde ela quiser. Nos cursos de áreas profissionais dominadas por homens, as alunas se destacam, mostrando que vergonha é o preconceito.
“Tem que ter coragem, porque tanto quanto o homem a mulher pode desempenhar o serviço. É o preconceito que diz que não dá para fazer, pegar peso. Mas a gente desenrola. Graças a Deus, não tive dificuldade”, orgulha-se Luciana Silva da Paz, 42 anos, aluna do curso da área de Construção Civil.
Além do preconceito, Luciana, que é servidora pública e atua no Colégio Bom Conselho, no bairro de Bebedouro, em Maceió, tem problemas para enxergar. O campo de visão dela somente alcança os três metros de distância. Mesmo assim, ela arruma tempo para trabalhar como pedreira em uma construtora.
O curso no Senai aperfeiçoa o conhecimento técnico na área e potencializa a já elevada capacidade dela. “Eu acho que a mulher está se superando, atualmente. A gente tem o exemplo da Luciana que, apesar da deficiência, consegue desenvolver as atividades com excelência”, destaca o instrutor Weverton Santos.
IDENTIDADE E AUTOCONFIANÇA
Em meio aos motores barulhentos e à predominância de homens na área Automotiva do Centro de Formação Profissional Gustavo Paiva, no bairro do Poço, em Maceió, Gleycyanne Cynara Wanderley dos Santos, de 18 anos, não se intimida. Ela sabe que, no ramo, existe preconceito contra mulheres, porém, a autoconfiança e o gosto pela mecânica dão força a uma das duas únicas garotas da turma de 20 alunos.
“Não tenho medo. Se você acha que encontrou uma área que se identifica, mergulhe de cabeça. Estamos cada vez mais entrando no mercado de trabalho, não somente como mecânica, mas como caldeireira, pedreira, eletricista. Então, nas várias profissões que o homem domina, a mulher também pode dominar. Cabe a ela querer, né?”, afirma.
Instrutor da área, Ailton Silva conta que as meninas são raras. Em dez turmas do curso de Mecânica, com um total de 160 alunos, ele se lembra de apenas três mulheres. Porém, são diferenciadas. “Elas têm um pouco mais de concentração. Os meninos acham que aprendem com mais facilidade. No final, elas aprendem tanto ou mais do que os homens”, destacou.