Taxa fixa seria uma forma de simplificar a vida de pequenos empresários
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda oferecer taxas de juro fixas nas linhas de crédito para micro, pequenas e médias empresas – com faturamento de até R$ 300 milhões ao ano. A medida poderá ser adotada a partir de março, inicialmente no BNDES Giro, disse Marcelo Porteiro, superintendente da Área de Operações Indiretas do banco.
Segundo o executivo, a taxa fixa seria uma forma de simplificar a vida dos pequenos empresários. Com o modelo em estudo, na contratação do empréstimo, a taxa de juros seria equivalente à TLP, mas a parcela variável seria fixada no início. Para garantir a sustentabilidade, o BNDES contrataria um instrumento de proteção (“hedge”), com um derivativo.
Para o coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar Pinheiro, a proposta de uma taxa fixa poderá aumentar o risco para o pequeno empresário, especialmente em caso de queda da inflação.
DESEMBOLSO
O BNDES liberou para empréstimos já aprovados R$ 70,751 bilhões em 2017, queda nominal (sem descontar a inflação) de 20% em relação a 2016. O valor desembolsado ano passado foi o menor desde 1999, quando o banco de fomento liberou R$67,859 bilhões, em valores atualizados pelo deflator do Produto Interno Bruto (PIB).
Levando em conta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como deflator, a queda nos desembolsos em 2017 ante 2016 foi de 22,4%. Os dados confirmam valores adiantados à imprensa por diretores do BNDES.
As aprovações de novos financiamentos totalizaram R$ 74,87 bilhões, recuo nominal de 6% ante 2016. Já as consultas, primeira etapa do processo de pedido de crédito no BNDES, registraram R$ 99,24 bilhões em 2017, diminuição nominal de 10% em relação ao ano anterior. Os dados das consultas, geralmente, sinalizam o apetite por investimentos de longo prazo.
Por setores, o destaque na queda do ano passado foram os empréstimos para os projetos industriais. O BNDES desembolsou R$ 15,044 bilhões para a indústria, recuo nominal de 50%. Já o setor de comércio e serviços recebeu R$ 14,477 bilhões, diminuição nominal de 21% ante 2016.
Na contramão, os empréstimos de longo prazo para projetos de infraestrutura cresceram 4% em termos nominais, atingindo R$ 26,854 bilhões. Já o setor do agropecuária desembolsou R$ 14,375 bilhões em empréstimos, alta de 3% ante 2016.
O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, comentou que a instituição de fomento vai ampliar o número de escritórios regionais. Além da representação em São Paulo, escolhida para a coletiva de imprensa para comentar o desempenho do banco em 2017, o banco conta com escritórios em Brasília e Recife, mas estão sobrecarregados.