Um mês e meio após o governo redirecionar R$ 2,54 bilhões do Minha Casa, Minha Vida para socorrer a linha de crédito imobiliário Pró-Cotista, que havia sido interrompida, a Caixa voltou a suspender esses financiamentos por falta de recursos.
O orçamento inicial de 2017 para a linha era de R$ 5 bilhões, montante aprovado em outubro do ano passado pelo Conselho Curador do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
No início de maio, como mais de 60% desse montante já estava contratado e o restante em fase de análise, o Ministério do Planejamento remanejou para a Pró-Cotista boa parte dos recursos que seriam direcionados para a faixa de renda mais alta do Minha Casa, Minha Vida.
Esses R$ 2,54 bilhões adicionais, segundo a Caixa, já foram contratados ou estão em fase de análise, e por isso a linha voltou a ser interrompida.
"A Caixa Econômica Federal informa que estão suspensas as contratações de novas operações da linha de crédito Pró-Cotista - Recursos FGTS, em razão do comprometimento total do orçamento disponibilizado pelo Conselho Curador do FGTS para o exercício de 2017", afirmou o banco em nota.
A Caixa, que empresta esses recursos diretamente e por meio de bancos privados, afirmou que não há previsão de novos aportes para a linha.
ENTENDA
O Pró-Cotista tem tido muita demanda desde o ano passado, devido à escassez de recursos de fontes com taxas de juros equivalentes, como a caderneta de poupança.
A linha Pró-Cotista só pode ser acessada por trabalhadores com pelo menos três anos de vínculo com o FGTS. Além disso, eles precisam estar trabalhando ou ter saldo na conta do FGTS de pelo menos 10% do valor do imóvel.
Os juros variam de 7,85% (para clientes que tenham débito em conta ou conta-salário) a 8,85% ao ano. O valor máximo dos imóveis a serem financiados é de R$ 950 mil para Minas, Rio, São Paulo e Distrito Federal e de R$ 800 mil no restante do país. Não há limite de renda familiar.
SAQUES DO FGTS
O banco nega que os saques de contas inativas do FGTS tenham influenciado no esgotamento de recursos, já que a decisão sobre o orçamento da linha foi tomada antes da medida que autoriza as retiradas.
No entanto, a avaliação do governo é de que houve um impacto indireto, pois sem as autorizações para a movimentação das contas inativas haveria um espaço maior para liberar novos recursos sem a necessidade de redirecionamento de outras linhas de crédito.
Fonte: Folha de São Paulo - 19/06/2017