Os balanços das incorporadoras de capital aberto deverão mostrar que o desempenho das empresas com atuação na baixa renda se manteve, no terceiro trimestre, superior ao daquelas com foco no segmento de média e alta renda, mesmo que restrições do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), no fim de setembro, tenham impactado vendas e repasses de unidades enquadradas no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. No consolidado do setor, a geração de caixa deve ser o principal destaque do trimestre.
A MRV Engenharia - maior incorporadora do país e principal operadora do programa habitacional - vai apresentar receita líquida de R$ 1,349 bilhão e lucro líquido de R$ 178,65 milhões, conforme a média das projeções do Bradesco BBI, BTG Pactual, Credit Suisse, Itaú BBA, JP Morgan e Morgan Stanley. A receita média estimada representa alta de 8,4%, na comparação anual, enquanto o lucro é 11,6% inferior.
O Bradesco BBI avalia que o lucro líquido da MRV continuará pressionado pela pequena diluição das despesas gerais e administrativas na receita líquida. O Credit projeta margem bruta estável em 37%. A MRV informou geração de caixa de R$ 237 milhões no trimestre, destaque entre os números operacionais já divulgados, segundo o Itaú BBA.
Para a Tenda, a média das projeções de quatro instituições indicam lucro líquido de R$ 53 milhões, com aumento de 72,6%, e receita líquida de R$ 419,5 milhões, com expansão de 16%. O Bradesco estima retorno sobre patrimônio (ROE) e 15% e que a geração de caixa tenha se mantido elevada. Na avaliação do Credit, a Tenda deve apresentar leve redução das margens devido à parcela da faixa 1,5 do programa habitacional na composição da receita. Para o Itaú BBA, a companhia será o destaque positivo do trimestre.
Para a Direcional Engenharia, a receita líquida média projetada por cinco bancos é de R$ 289,72 milhões, com alta de 44% na comparação anual. O BTG Pactual cita as vendas líquidas elevadas da incorporadora e o avanço das obras de empreendimentos das faixas 2 e 3 do Minha Casa, Minha Vida. Já para o resultado líquido, a projeção é de prejuízo de R$ 90 milhões a lucro de R$ 88,4 milhões.
A vice-líder do setor, Cyrela, tem resultado líquido estimado com variação de prejuízo de R$ 46 milhões a lucro líquido de R$ 78 milhões, conforme previsões de seis instituições. Para a receita líquida, preveem R$ 736,3 milhões, com expansão de 23%. O BTG Pactual diz esperar geração de caixa muito forte pela Cyrela, da ordem de R$ 300 milhões, o que deverá ser bem visto por investidores, enquanto o Itaú BBA e o Credit Suisse projetam R$ 250 milhões.
Para a Even, a média das projeções de cinco bancos indicam redução de 23% no prejuízo de um ano atrás, para R$ 20 milhões, e queda de 19% da receita, para R$ 395,4 milhões. O Itaú BBA avalia que os números operacionais mais fracos não devem afetar à receita da empresa imediatamente e considera que a margem bruta ajustada terá leve alta para 23%, A Even deve gerar caixa de R$ 50 milhões, nas estimativas do BTG.
A EZTec deve vir com lucro líquido de R$ 17,86 milhões, menos 93,6%, de acordo as prévias de analistas. E receita líquida 87,8% menor, de R$ 84,4 milhões. A base de comparação do mesmo trimestre de 2017 é muito elevada devido à venda da Torre B do EZTowers para a Brookfield. Há expectativa de consumo de caixa pela EZTec devido ao pagamento do projeto residencial do Parque da Cidade, comprado da OR Empreendimentos Imobiliários.
A média das projeções para Gafisa de cinco bancos indica queda de 73,6% do prejuízo líquido, para R$ 41,68 milhões. A receita líquida estimada é de R$ 224,56 milhões, com expansão de 40,3%. O BTG projeta consumo de caixa de R$ 10 milhões, no trimestre, enquanto Bradesco BBI estima geração de R$ 27 milhões. O Itaú BBA avalia que o balanço será o destaque negativo do trimestre.
Três bancos - BTG, Credit e Bradesco BBI - apontam redução de 88,6% no prejuízo da Tecnisa, para R$ 16,2 milhões. E receita média de R$ 35,4 milhões, que é 2,83 vezes maior do que um ano atrás.