Por Gustavo Calazans
Não é raro alguém me perguntar se uma determinada alteração imaginada para a sua casa manterá o valor do imóvel intocado, ou se a valorização de mercado será compatível com o investimento feito. Acho completamente lícito que se avalie o famoso custo-benefício das intervenções, uma vez que tudo nesse mundão é limitado: recursos, tempo, disposição, paciência, e por aí vai. Por outro lado, sempre penso como seria possível a comparação de algo que tenha por objetivo maior uma satisfação existencial, com algo que seja mensurado por valores regulados por um mercado, nesse caso o imobiliário.
Quando escolhemos um espaço para ser nossa casa e quando temos a oportunidade de definir parâmetros de como ele será, quer seja fazendo uma reforma ‘fim dos tempos’ ou pequenas adaptações, é como se um portal se abrisse: nos tornamos um pouco deuses, criando condições materiais que se adaptem às nossas necessidades. Essa é, afinal de contas, boa parte da magia do termo projetar. Gosto de pensar na analogia com o projetor de cinema, que reproduz uma imagem para a frente, um bom símbolo do conceito de projeto. Algo que se direciona para o futuro, na tentativa de antecipar soluções físicas que possam se acomodar às demandas atuais e futuras. Projetar é tentar apreender a realidade daquilo que virá a ser.
Nesse sentido, projetar é, de certa forma, uma aposta. Brinco sempre que é equivalente a um jogo de dardos onde, obviamente, tudo o que se quer é acertar no alvo.