O cuidado com a saúde e segurança já era uma prática na fabricante de produtos cerâmicos Cerbras, do Ceará, quando seus representantes decidiram, em 2016 , participar de um projeto-piloto do Serviço Social da Indústria (SESI). Começava, assim, o desenvolvimento pioneiro no país de uma calculadora que mensura o retorno dos investimentos de programas na área. A ferramenta brasileira é uma adaptação de uma aplicação desenvolvida pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, pelo Centro de Inovação do SESI no Ceará, um dos oito espalhados pelo país. "Estamos ajustando a ferramenta americana ao contexto brasileiro", explica Haidinne Coelho, enfermeira do trabalho e pesquisadora do Centro de Inovação do SESI no Ceará.

 

A calculadora ajuda a levantar uma base de informações coerentes com a realidade nacional, como duração e custo das ações de segurança, quantos funcionários e terceiros estão envolvidos em cada uma delas, além de dados sobre seus trabalhadores, como custos de plano de saúde, índices de afastamento por doença ou por acidentes de trabalho, doenças mais recorrentes entre os funcionários etc. "Nós mostramos o que o empresário quer ver: números. Vamos provar para eles que segurança e saúde são investimentos, e não custos", afirma Haidinne.

 

Por cerca de um ano, a Cerbras forneceu seus indicadores e recebeu pesquisadores do SESI em sua fábrica. Agora, com a ferramenta, a empresa será capaz de analisar o retorno sobre o investimento de cada real aplicado em seus programas de saúde e segurança e avaliar mudanças e ajustes neles. "Poderemos medir o impacto das nossas ações na segurança e na saúde dos trabalhadores, o que é nossa maior preocupação", diz Ana Lúcia Bastos Mota, presidente da empresa.

 

A calculadora está em fase de testes, que serão concluídos até o fim de 2018. Quando estiver pronta, será incluída em uma plataforma online, o SESI Viva+. Ele reúne, num único ambiente, um conjunto de ferramentas, como programas especializados, campanhas, conteúdos técnicos e canais de relacionamento para gestores da indústria implementarem ações de melhoria da gestão e de estímulo à construção de um ambiente seguro e saudável.

 

"Com o SESI Viva+, as empresas podem concentrar e integrar todos os sistemas de gestão dessa área", explica Emmanuel Lacerda, gerente-executivo de saúde e trabalho na indústria do SESI. "É uma solução para as empresas que, em geral, usam iniciativas que não estão integradas. Ao aderir, elas recebem uma plataforma padronizada, o que representa uma quebra de paradigmas", afirma. Por enquanto, a integração é feita com 5 mil clientes, que envolvem, por sua vez, cerca de 600 mil pessoas em todo o país.

 

Têm acesso à plataforma as indústrias associadas ao SESI, os parceiros e os próprios trabalhadores. "É importante que as empresas alimentem o sistema com informações de seus funcionários e, assim, gerem dados que vão ajudar a configurar estratégias para todo o setor", afirma Emmanuel Lacerda. Com base nesses dados, o programa ainda permite identificar necessidades por tecnologias que aumentem a segurança no ambiente profissional e a saúde dos trabalhadores. Essas informações também podem servir para desenvolver medidas de prevenção de doenças e acidentes baseadas em estudos realizados pelo SESI em parceria com o Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.

 

 

Conheça os principais motivos para as indústrias aderirem ao SESI Viva+

 

 

Apoia empresas na interação com o sistema que fornece ao governo informações sobre saúde e segurança.

 

 

Identifica riscos legais e perfis de saúde e estilo de vida dos trabalhadores e de segurança do trabalho dos setores da empresa para planejamento de ações.

 

 

Gerencia afastamentos por doenças e acidentes de trabalho e monitora indicadores que impactam no Fator Acidentário de Prevenção (FAP), índice que integra cálculo de contribuição de incidência de afastamentos acidentários sobre a folha de pagamento.

 

 

Acompanha o cumprimento de requisitos legais e identifica necessidade de capacitação e melhoria na gestão de segurança e saúde na cadeia de fornecedores.

 

 

Armazena e compartilha informações como políticas da empresa, procedimentos, informes diários, campanhas e vídeos de capacitação e sensibilização.

 

 

Permite a interação de usuários para troca de experiências e acesso sobre suas informações de saúde.

 

 

Gerencia grupos expostos a agentes biológicos, físicos ou químicos para desenvolvimento de estudos epidemiológicos e ações para prevenção de doenças e acidentes.

 

 

Possibilita atuar na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis, como doenças cardiovasculares,  diabetes e câncer.

 

O texto foi publicado na edição especial da revista Exame Maiores e Melhores, de agosto de 2018.

 

Fonte: https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/inovacao-e-tecnologia/cresce-nas-empresas-preocupacao-com-seguranca-e-saude-dos-colaboradores/