Quem está pensando em comprar a casa própria e vai financiar uma parte do valor do imóvel precisa ficar atento às taxas oferecidas pelas instituições financeiras.
Para ajudar a ter uma ideia de quanto pagará, o consumidor pode fazer simulações nos próprios sites dos bancos. O professor de finanças do Mackenzie Campinas Ricardo Fernandes afirmou que as taxas encontradas nos simuladores estão nas condições básicas e que o consumidor pode tentar negociar.
"Às vezes, o cliente considerado de baixo risco consegue uma condição melhor com taxas de juros menores. Vale a pena levar a simulação e negociar com os bancos. Já o cliente de alto risco, com mais probabilidade de inadimplência, pode não conseguir negociar as taxas. Tem de simular e buscar o que for melhor."
Fernandes afirmou que há fatores que podem influenciar as taxas. "Os bancos consideram o prazo do financiamento, o salário, o quanto você está comprometendo sua renda com as parcelas, se há mais de uma pessoa financiando, o valor de entrada, se há outro imóvel e qual a profissão, por exemplo. Tudo isso entra na área de risco do cliente. A taxa de juros é justamente a medida do risco do cliente."
Como fazer a simulação e o que analisar
Para o professor, o ideal é sempre usar as mesmas condições na hora de fazer as simulações."O importante é comparar sempre a mesma coisa. Se você quer financiar os custos com o cartório, tem de colocar isso nas simulações de todos. Se escolheu pagar pelo SAC (Sistema de Amortização Constante), todas as simulações precisam ser feitas pelo SAC. Também é preciso colocar o mesmo valor de entrada", afirmou.
O especialista em investimentos do banco Ourinvest Mauro Calil afirmou que o consumidor deve verificar não só os juros, mas também o CET (Custo Efetivo Total) e quanto pagará no final.
"É preciso olhar o Custo Efetivo Total, que incluirá juros, seguro e taxas, por exemplo. Quanto menor o CET, melhor. Outra forma de ver qual é o melhor financiamento é, depois de fazer a simulação, somar as parcelas que terá de pagar. Você compara esse mesmo número em todas as simulações e vê o que é mais barato."
Para quem está em dúvida se faz o financiamento pela tabela Price ou pelo SAC, o especialista recomenda o SAC. "A tabela Price tem prestações fixas e tende a ser mais cara, pois o cálculo de amortização vem depois do pagamento dos juros. No SAC, você amortiza e, depois, paga os juros. Além disso, as prestações caem ao longo do tempo. O que O que eu indicaria é: se as prestações do SAC couberem no seu bolso, financie pelo SAC. Se não couberem, não financie pela Price, e espere até conseguir financiar pelo SAC."
Durante as simulações, os bancos também oferecem opções de seguradoras, e o valor das prestações pode variar. Os seguros são para casos de morte e invalidez permanente e para danos físicos do imóvel, por exemplo. Fernandes afirmou que o ideal é perguntar ao gerente a diferença de cobertura de cada uma. Se quiser contratar outra empresa, é possível, segundo Calil. "Você não é obrigado a aceitar o seguro que o banco ofereceu, mas o banco pode exigir que você faça o seguro para, depois, liberar o financiamento", disse.
Cuidado com o orçamento
Calil afirmou que é preciso ter atenção ao comprometimento do orçamento. "As pessoas esticam o prazo para ficar com uma parcela menor. Mas, quanto mais prazo você dá, mais juros você paga, mesmo que a parcela esteja menor. A recomendação é que a soma de todas as parcelas que você paga naquele momento não seja superior a 30% do seu orçamento líquido. O ideal é que fiquque fique abaixo de 20%. Ter o orçamento muito comprometido é uma porta aberta para o endividamento", disse.